Grupo Murmurando lança vídeos inéditos com “Elas”, musicistas da cena instrumental

Composições de mulheres instrumentistas e interpretações de mulheres solistas e pandeiristas fazem parte do material artístico desenvolvido no período de isolamento social e que ganha data de estreia.

Com catorze anos no mercado musical, o grupo Murmurando convida “elas”, as musicistas, para apresentarem junto com o grupo suas composições e interpretações de clássicos da música instrumental. O projeto busca dar visibilidade, além de valorizar o trabalho de instrumentistas mulheres. Ao todo serão lançados quatro vídeos com conteúdos inéditos nos dias 27 de dezembro e 3 de janeiro, todos contam com a participação dos integrantes do Murmurando (formado por Samuel Rocha, Lauro Viana e Cleylton Gomes) e foram gravados em casa, obedecendo os protocolos de saúde devido a pandemia de coronavírus. Este projeto é fomentado com recursos da Lei 14.017/2020 – Lei Aldir Blanc – por meio da Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor).

“Esse projeto é bastante inspirador e de fundamental importância para nossa cena local e nacional. É preciso, cada vez mais, apoiar e incentivar a presenças de mulheres no choro, no samba, na música instrumental. Para que elas possam agregar com sua musicalidade, composições e arranjos. O ‘Murmurando com Elas’ busca engajar mais mulheres na cena instrumental brasileira e em especial no gênero choro.”, afirma Samuel Rocha.

Os vídeos do Murmurando são com solistas e pandeiristas, cada músico gravou sua parte em sua própria casa, tendo a junção desse material em edição de vídeo. No dia 27 de dezembro, às 17h, serão lançados os dois primeiros filmes do projeto, com duas composições femininas. “Pula Dante” é composição de Raissa Anastácia e terá as participações especiais da própria Raissa, na flauta, e Raquel Lopes no pandeiro. “O Pula Dante foi o resultado das minhas influências de estudo de flauta erudita e de um dos meus compositores favoritos, o Bach. Eu a fiz muito inspirada numa peça dele, chamada Badinerie, que tem essa mesma célula rítmica, que lembra a célula rítmica da polca no choro. O nome da composição é uma homenagem ao meu filho, que é muito alegre e adora pular, seu nome é Dante, e a música remete essa alegria de ser criança e a alegria das rodas de choro.”, conta Raissa.

“Sem Pretensão” é composição de Brenna Freire e terá a participação da própria Brenna, no cavaquinho, e de Inara Lia no pandeiro. Brena explica a origem da canção e seu nome peculiar: “O chorinho ‘sem pretensão’, como o próprio nome já diz, foi composto de uma forma despretensiosa para uma mostra competitiva da rádio universitária. Para nossa surpresa, tiramos o segundo lugar. Ficamos muito felizes e nada mais justo que o nome ‘sem pretensão’.”

Já no dia 3 de janeiro, também às 17h, estreiam interpretações de clássicos. São eles: “Tico Tico no Fubá”, composição de Zequinha de Abreu, por Jeanice de Sousa, também conhecida como Nicinha do Acordeon, na sanfona, e Flávia Solidade no pandeiro; e “Sons de Carrilhões”, composição de João Pernambuco, por Letícia Marram no violão e Amanda Nunes no pandeiro. “Através dessa conexão musical entre o grupo Murmurando e cada uma de nós, musicistas, é possível incentivar e inspirar outras mulheres a conhecerem, a estudarem e a tocarem o gênero choro, é possível também incentivar a reflexão e a discussão dessa temática urgente que é ‘em pleno século XXI ainda é necessário se discutir sobre a valorização das mulheres no âmbito artístico musical e a necessidade da inclusão de mais mulheres na música’. Parabenizo o grupo Murmurando por esta iniciativa.”, salienta Amanda Nunes sobre o projeto.

As musicistas

Raissa Anastácia é flautista, bacharel em flautas doce e transversal e mestre em performance musical. A mineira conquistou o prêmio de jovens instrumentistas do seu estado nos anos de 2005 e 2006, é presença nas principais rodas de choro mineiras. Além das flautas, também toca violão, cavaquinho, bandolim e gaita. É integrante do grupo “Abre Roda Mulheres do Choro” e pesquisa compositoras de choro no Brasil. Atualmente é docente na Universidade do Estado de Minas Gerais.

Raquel Lopes é percussionista e iniciou seus estudos aos 7 anos. No ano de 2002 participou numa turnê com o grupo “Bate lá que eu Bato Cá” mostrando a cultura brasileira na Itália e França. Foi integrante de diversos grupos de percussão. Acompanhou o sanfoneiro Waldonys durante temporada em shows pelo Nordeste. É percussionista na banda “Fulô” e no grupo de música infantil “Era uma Vez”. Proponente do projeto de percussão “Batuque na Periferia” de 2016. 

Brenna Freire toca cavaquinho desde os 13 anos de idade. Foi integrante do grupo de chorinho da FUNCET, coordenado pelo músico Tarcísio Sardinha, e do grupo feminino “Fulô de Araçá”. Em 2010 participou do V Festival Nacional de Choro e Turnê Choro Carioca, tocando no bandão da Escola Portátil de Música. Foi integrante da Orquestra Popular do Nordeste durante 3 anos. Em 2014 foi convidada para acompanhar Charles da Flauta no Festival Choro Jazz. Atualmente se dedica a um show totalmente solo, no qual os acompanhamentos são gravados por ela mesma e  solos apresentados ao vivo.

Inara Lia é integrante, desde 2018, do Coral do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) nas funções de coralista e percussionista. É percussionista desde 2019 da “Choro Grande Banda” (grupo de choro da UECE) e dos “Sons Transversais”, grupo de flautas transversas do IFCE. Participou em eventos com “Clássicos na Lagoa” – Porangabussu e Feira Massa.

Nicinha do Acordeon iniciou sua trajetória musical aos 15 anos quando ganhou seu primeiro acordeon. Em 2008, participou do Festival de Sanfoneiros de Beberibe, alcançando a primeira colocação. No ano de 2010, Nicinha participou do “Festival de Sanfoneiros de Limoeiro do Norte”, classificando-se em segundo lugar. Já foi convidada para participações especiais no show de Dominguinhos, Dorgival Dantas, Waldonys, Adelson Viana, dentre outros. Atualmente, com 29 anos de idade, é considerada pela crítica nacional, uma das melhores Sanfoneiras do Brasil. Também advogada, aprovada na OAB, Nicinha defende a causa feminina e procura retratar a figura da Mulher trazendo em suas canções a força e a garra da mulher nordestina.

Flávia Soledade se denomina como “sapatão preta percussionista, luthier, regente e professora; nascida e criada no Bom Jardim”. É fundadora, regente e membro dos grupos “Tambores de Safo” e “Bloco Cola Velcro”, tem no “artivismo” sua ferramenta de militância do feminismo negro pela qual contribui para os movimentos LGBT e feminista no estado do Ceará.

Letícia Marram é violonista de música erudita e popular. Com uma trajetória que passa por grupos como “Quartzo Verde” e “Camerata de Violões do IFCE”, no campo do erudito e pelos grupos “Flor Amorosa”, “Não Insistas, Rapariga!” e “Feito em Casa”. Atualmente cursa o Curso de Música pela UECE e o Curso Técnico em Instrumento Musical (violão) pelo IFCE. Em 2018 concorreu como violonista solo no “Festival Internacional de Violão Amaro Siqueira” no Rio Grande do Norte. Em 2019 foi convidada a fazer um concerto no “Festival de Choro de Lille”, França. No mesmo ano foi uma das atrações no “Festival Pôr do Som” em Fortaleza.

Amanda Nunes é musicista, educadora musical e contadora de histórias. Licenciada em Música pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), realiza shows, cursos, oficinas e vivências musicais na perspectiva da sensibilização musical, da percussão corporal/coletiva e do corpo como instrumento. Desde o ano de 2008 realiza parcerias com artistas, grupos e coletivos femininos da cidade de Fortaleza, como o “Grupo Vocal Seios da Face”, o grupo “La Semilla Brasil”, o “Coletivo Nós Voz Elas”, o grupo de choro “Flor Amorosa”, o “Bloco Damas Cortejam”, a cantora e compositora Luiza Nobel (projeto Baile Preto), dentre outros. Também é integrante do “Duoal”. Atualmente cursa especialização em Musicoterapia no Instituto Graduale em Fortaleza-CE

Murmurando

O Murmurando, um dos grupos instrumentais de choro mais atuantes na cidade de Fortaleza, é formado por Samuel Rocha (violão de 7 cordas e composições), Lauro Viana (cavaquinho) e Cleylton Gomes (flautas). 

Criado como um conjunto de choro em 2006, o Murmurando ampliou e aprimorou seu repertório ao longo dos anos, incluindo, entre composições consagradas do gênero, cada vez mais obras compostas pelo seu violonista Samuel Rocha que mostram influências contemporâneas e modernos caminhos harmônicos, ritmos e sonoridades, sem perder a raiz da tradição e a vivacidade chorística. Com ensino superior em música na Universidade Estadual do Ceará, Samuel mantém nas suas composições a raiz da tradição, enquanto mostra influências de mestres como Arismar do Espirito Santos, Dominguinhos e modernos caminhos harmônicos, ritmos e sonoridades, sem perder a vivacidade chorística. 

O grupo Murmurando já dividiu o palco com grandes nomes da música instrumental brasileira como Gilson Peranzzetta e Mauro Senise em um show memorável no Theatro José de Alencar em 2011 ou Alexandre Ribeiro em Abril deste ano. Foi destaque na Plataforma de Circulação de Música e Artes Cênicas em 2014/2015 e participou do Laboratório de Criação da Escola Porto Iracema das Artes em 2015. Em 2016 foi destaque no “Festival Maloca do Dragão”, “Festival de Inverno de Garanhuns – PE”, “Festival Conecta” e o “Projeto Terreiradas Culturais”, além de lançar o CD “Assovio do Tiê”. Representou o Ceará em dezembro de 2018 no Festival João Pernambuco em Recife e, em março de 2019, no Festival de Choro de Lille – França. 

Serviço

Grupo Murmurando lança vídeos inéditos com “Elas”, musicistas da cena instrumental

Dias: 27 de dezembro e 3 de janeiro, sempre às 17h

No canal de Youtube da “Murmurando CE”, no endereço: http://bit.ly/MurmurandoNoYoutube 

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