Humor que Revoluciona: Jorge Lafond
Se estamos falando de humor e revolução, precisamos falar de Jorge Lafond. Ator, comediante, dançarino e drag queen, Lafond teve uma vida cheia de obstáculos, mas que enfrentou para viver a arte que era.
Aos dez anos de idade, já trabalhava das 9 às 17 horas numa oficina mecânica, e aos fins de semana, ia com a mãe trabalhar em um parque de diversões. Formou-se em teatro pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Começou sua carreira como bailarino no exterior com 17 anos, viajando por toda a Europa e Estados Unidos com Haroldo Costa, que tinha um grupo folclórico, no qual Lafond permaneceu por dez anos. Eventualmente acabou por entrar no corpo de bailarinos do Fantástico em 1974 e depois trabalhou no programa Viva o Gordo, de Jô Soares. Em 1983, participou do especial infantil Plunct, Plact, Zuuum ao lado de Maria Bethânia.
Sua grande personagem de sucesso, Vera Verão do humorístico A Praça é Nossa no SBT, permaneceu por 10 anos ao ar e trazia um formato vanguarda para os discursos da época, sempre que alguém chamava Vera de “bicha”, de forma ofensiva, a resposta vinha com o clássico bordão: “Êêêpa! Bicha não!”.
Sobre a homofobia que sofreu declarou em entrevista que tirava de letra, mas que entendia que não era a realidade de todos: “Não dou pelota para isso, quero que cada um cuide do seu lado. Mas sei que pra outras pessoas, se torna uma coisa pesada. Já é difícil encarar duas situações; para mim, seriam três, porque além de negro e homossexual, sou artista. Não é aquela coisa que caminhe tranquilamente. Pro negro, ser gay é uma coisa meio fechada, a nivel de não poder se declarar abertamente, porque tem aquele preconceito: ‘Ai, tá ‘estragando’ a cor’… Comigo ninguém fala, que já meto logo a mão na cara, acabo logo o barraco e tudo bem, tiro de letra. Agora, paras outras pessoas, sei que é complicado”.
A frente do seu tempo Lafond e sua Vera foram importantes tanto para sociedade, quanto para a comunidade LGBTQIA+ quanto para a arte. MEMORÁVEL.
