(ANÁLISE) Taylor Swift: Miss Americana da Netflix nos fala sobre autenticidade

Taylor Swift em Miss Americana - Imagem: Reprodução/Netflix

O que uma cantora e compositora norte‑americana queridinha dos EUA com inúmeros Grammy’s pode nos dizer sobre autenticidade? É o que vamos descobrir analisando “Miss Americana” de Taylor Swift.

Quem é Taylor Swift?
Miss Americana veio para dar voz a uma das artistas mais populares e importantes da geração, Taylor Swift. Com 30 anos, a cantora que tem suas raízes na música country, é um fenômeno pop que bateu recordes até dos Beatles. A artista que começou sua jornada bem jovem durante muitos anos foi taxada como um “produto” perfeito para a indústria musical, pois compunha, cantava, arrastava multidões e não se posicionava sobre política e sociedade. Até que a demanda social girou, Taylor cresceu, passou por algumas das dificuldades imensas que mulheres passam na trajetória e resolveu quebrar sua própria imagem. Isso, para alguns pode soar como uma ruptura com sua persona, mas na verdade é uma evolução natural da marca Taylor Swift, que há anos clamava por uma personalidade mais humana.

MISS AMERICANA | Trailer oficial | Netflix

A garota perfeita
O documentário é dividido de maneira etária, a evolução da cantora através da idade, suas conquistas, medos, e lançamentos sendo narrados por uma Taylor mais madura. A análise que a cantora faz de si mesma é de quem cedeu a pressão de não se posicionar, e de fato, a demanda social para artistas (principalmente mulheres) durante muito tempo era essa, onde quem ousasse se posicionar era cancelado, mas um cancelamento bem mais potente que o digital, com humilhações públicas. Taylor então foi projetada como a garota boazinha do Tennessee pelos produtores e durante anos isso funcionou, a adolescente cresceu nas paradas e no mundo todo sendo aclamada com vendas de discos, prêmios, fãs e uma fase adulta cheia de questionamentos.

O que é preciso entender sobre artistas como Taylor
Você pode estar meio chateado de estarmos falando daqui sobre a marca Taylor de uma maneira tão dura e limpa. Mas, precisamos alinhar o objetivo desse texto: analisar como essa narrativa contribui com nossos negócios e para isso ficar melhor situado precisamos entender onde Swift está. Muito se fala do mercado opressor que é o KPOP, onde vários ídolos tem contratos extremamente abusivos e desumanos, o mercado de música americana não é um mar de flores também não. Quando uma cantora / cantor assina com produtores (olha o nome aí, os que criam um produto), de fato eles vêem esses artistas como investimento. Eles estão aplicando dinheiro, eles vão querer o retorno com lucro. Ok?

É uma realidade capitalista. Quando um Bruno Mars sobe num palco, ele está cumprindo ordens, ele é um funcionário. Quando uma Demi Lovato lança uma música, ela na hora de gravar o clipe obedece aos produtores, ela faz o que é pedido para fazer. Isso nos EUA ou em qualquer lugar.

Quando Taylor diz em Miss Americana que diziam para ela não se meter com política, não eram pessoas aleatórias aconselhando, eram produtores exigindo. E aí, onde ela está, Taylor é um produto midiático. E quando se assina um contrato ela topa ser direcionada. Isso não quer dizer que ela não sofrerá, pelo contrário, como pessoa diversos artistas sofrem com contratos. O caso Kesha X Dr Luke é uma prova desse sistema cruel.

Taylor e a cobrança da audiência
Voltando a Taylor, na série ela não fala sobre o Scooter Braun, seu antigo empresário, mas o tempo citado nas gravações é de conflitos com o com o cara que a descobriu e a empresariou. Essa posição de fala que ela cita estar ganhando tem a ver com seu crescimento e ela não fala, mas quem sabe mais ou menos de sua história, observa que tem também relação com mudança de contratos. Os ataques que a cantora sofreu e são relatados no filme são sobre sua perfeição, quando a demanda por alguém real bateu na porta, Swift foi cobrada por posicionamentos, por aspas, por tudo que até então estava sendo silenciada de fazer. A era das redes sociais trouxe uma relação mais borbulhante, digamos assim, entre pessoas e empresas/personalidades. Não à toa as pessoas já se sentiram a vontade de cancelar empresas na internet, gerar crises nas redes, cobrar posicionamentos, notas de esclarecimentos, imagina uma personalidade pública. Alguém que as pessoas não encaram como uma mega marca por verem tudo representado por um rosto.

A represália que Taylor sofreu a colocou em ponto de reflexão e Miss Americana é sobre isso, e talvez até uma resposta sobre o tempo de silêncio. Depois de um hiato a principal artista mundial da geração voltou falando sobre política, polêmicas que a envolvia, etc, etc. Humanizou, e pegou a mídia de surpresa.

Outros pontos que o documentário deixa de reflexão é como a mulher é tratada dentro do mercado de trabalho mesmo em posição privilegiada como a de uma cantora com inúmeros hits e aparições por todas as emissoras do mundo.

E você?
Por fim, Miss Americana a mim tem muito a ver com autenticidade, e se um dos maiores fenômenos musicais que lucra milhões e milhões precisou se posicionar nessa nova demanda social, porque sua marca acredita que relação com o público é apenas um postzinho de produto e preço no Instagram?

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