“A Força da Água”, novo espetáculo do Grupo Pavilhão da Magnólia estreia na Casa Absurda, traçando o caminho historiográfico da seca no Ceará

Ilustração de Raisa Christina (Foto: Divulgação)

Até quando aceitaremos o discurso da seca como fatalidade? 

Até quando vamos seguir aceitando essa cerca do silenciamento? 

A Força da Água, nova peça do Pavilhão da Magnólia, com dramaturgia e direção de Henrique Fontes, traça o caminho historiográfico da seca no Ceará. Desde as promessas feitas por Dom Pedro, passando pelo genocídio nos campos de concentração e no Caldeirão até o tempo presente quando, descobrimos que a água não é um direito constitucional. A temporada de estreia acontece de quinta a domingo, sempre às 20h, na Casa Absurda. Ingressos a R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira) e estão disponíveis na plataforma Sympla ou nos dias da apresentação, estarão à venda na Bilheteria da Casa. As sessões dos dias 21 e 24, contarão com acessibilidade em Libras.

A peça de Teatro Documental, de forma bem-humorada, trata de fatos apagados da História do Brasil em torno da indústria da seca. Os relatos e documentos denunciam aquilo que nos impede de ter acesso à água potável e de qualidade. Até quando aceitaremos? Quando organizaremos a insurgência? A estreia  acontece na semana que a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água (22 de março), com o objetivo de colocar em discussão assuntos importantes relacionados com esse recurso natural.

Foto: Luiz Alves 

A pesquisa foi iniciada em 2018, com o título de “Dramaturgias da Água e da Seca”, dentro do Laboratórios de Criação em Teatro da Escola Porto Iracema das Artes a princípio nos aproximávamos da Seca a partir da obra ‘O Quinze’ de Rachel de Queiroz e como finalização da pesquisa no Laboratório, onde tivemos a tutoria de Miguel Vellinho (RJ) montamos um experimento cênico, onde passeávamos pela obra em contraponto aos outros materiais que apontavam questões para entender politicamente a escassez de água no Estado. Foi nesse mergulho na obra que tivemos contato com os campos de concentração, brevemente citado na obra. Passada a pandemia e outros projetos do grupos, submetemos o projeto ao XII Edital das Artes da SecultCE, onde fomos contemplados na categoria montagem. Dessa oportunidade, podemos ir algumas vezes a Senador Pompeu e conhecer no Patu o sítio histórico, as ruínas da construção da barragem que deflagram historicamente o campo de concentração do Patu. Devido às muitas informações historiográficas levantadas, decidimos recorrer ao Teatro Documental para re-processar esses materiais na cena, daí convidados o dramaturgo Henrique Fontes, dramaturgo e diretor manauara radicado no Rio Grande do Norte, para conhecer a cidade e tudo que tínhamos coletado até então.

Ao se deparar com todo o material levantado, Henrique viu a potência que seria percorrer a trajetória das histórias de luta dos sertanejos para sobreviver aos descasos de gestão pública com a seca, percorrendo tanto a busca pela água, quanto buscando entender a água como metáfora da resistência. “O corpo humano é feito 60% de água, quando uma pessoa se insurge, o que vemos é a força da água naquele corpo querendo romper o que a aprisiona, na busca do que lhe falta. Essa metáfora me apareceu com muita força e apostamos nela para traçar a historiografia de mais de um século de sofrimentos e lutas.” Disse Henrique Fontes.

A peça faz uso da linguagem de Teatro Documental, já característica dos trabalhos de Fontes com o seu Grupo Carmin e outros grupos pelo Brasil, para traçar com muito bom humor uma síntese de acontecimentos e desmandos que nos fazem chegar em 2024 com um fato estarrecedor: Água ainda não é um direito garantido na constituição. “A descoberta disso no processo de investigação me apareceu como um alerta e uma urgência a ser comunicada. Como que algo tão fundamental como a água não está nos direitos fundamentais da nossa constituição?” Disse Fontes.

Foto: Luiz Alves 

Sinopse: 

Até quando aceitaremos o discurso da seca como fatalidade?  O que nos impede de romper a cerca que nos controla? A Força da Água, nova peça do Pavilhão da Magnólia, com dramaturgia e direção de Henrique Fontes, traça o caminho historiográfico da seca no Ceará. Desde as promessas feitas por Dom Pedro, passando pelo genocídio nos campos de concentração e no Caldeirão até o tempo presente quando, descobrimos que a água não é um direito constitucional. A peça de Teatro Documental, de forma bem-humorada, trata de fatos apagados da História do Brasil em torno da indústria da seca. Os relatos e documentos denunciam aquilo que nos impede de ter acesso à água potável e de qualidade. Até quando aceitaremos? Quando deixaremos nossas águas transbordarem?

Ficha Técnica:

Elenco: Denise Costa, Eliel Carvalho, Jota Junior Santos,Nelson Albuquerque e Silvianne Lima / Dramaturgia e Direção: Henrique Fontes / Direção de Movimento: Ana Claudia Viana / Pesquisadora-colaboradora: Cydney Seigerman / Oficina Rasaboxes: Julia Sarmento/ Desenho de luz: Wallace Rios/ Operação de luz: Jão Rios / Cenografia: Rodrigo Frota/ Adereços: Beeethoven Cavalcante / Figurino: Ruth Aragão / Assistência de Figurino: Wendy Mesquita/ Sonoplastia: Ayrton Pessoa Bob e Eliel Carvalho / Preparação Vocal: Thiago Nunes / Ilustrações: Raisa Christina / Designer Gráfico: Carol Veras / Fotos: Luiz Alves / Fotos projetadas e Edição de vídeo (DeepFake): Allan Diniz / Produção Executiva: Som e Fúria Produções / Coordenação de Produção: Jota Jr. Santos e Silvianne Lima / Acessibilidade em Libras: IncluAção / Agradecimentos: Alenio Alencar, Alexandre Costa,  Belchior Torres,  Bruno Souza dos Santos,  Daniel Torres,  Fabio Matias – Nego, Francis Wilker,  Gabriel Dantas,   Glairton de Paula,  Glauber Matos,  Kênia Rios,  Kleber Pinheiro,   Levi Mota, Marcelina,  Marcio Abreu,  Martinha,  Miguel Vellinho,  Renato de Humaitá,  Ricardo Bruno, Rosa Primo,   Ruth Martins, Thereza Rocha, Viviane Lima, Cia Prisma, Coletivo Patu, Escola Porto Iracema das Artes, Fundação Santa Terezinha, Pequeña Cia de Teatro, Xama Teatro, Secretaria de Educação e Cultura de Senador Pompeu e Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.
 

Sobre o Pavilhão: 

Nos seus 19 anos de trajetória, o Grupo Pavilhão da Magnólia se consolida como um dos grupos expoentes do teatro brasileiro contemporâneo e investe em diversificados caminhos de criação em diálogo com outros criadores da cena, com uma atenção a experimentações de linguagens que ampliem os limites do que compreendemos por teatro para adultos e para as infâncias. Assim, surge um potente repertório que passeia por experiências para as infâncias e para o público adulto. São mais de 1200 apresentações (18 espetáculos montados) em mais de 80 cidades e participando de importantes Festivais e Mostras de teatro e arte do país. Nosso repertório é composto hoje por: Há uma fsta sem começo que não termina com o fim – 2021;  direção: Francis Wilker (DF/CE); Napoleão – 2019;  direção: Marcelo Romagnoli (SP); Maquinista – 2018;  direção:Here Aquino (CE); Ogroleto (2015) ;  direção: Miguel Vellinho(RJ). Desde 2018, tem como sede, a Casa Absurda, espaço de cultura independente da cidade de Fortaleza.

Sobre Henrique Fontes: 

Dramaturgo, ator, diretor teatral e gestor cultural com 35 anos de experiência. Como diretor tem 19 peças montadas e como dramaturgo 29 textos escritos. Henrique Fontes também é fundador do Espaço Cultural Casa da Ribeira em Natal e atual diretor artístico. Tem trabalhado com o Grupo Carmin desde sua origem em 2007 e ajudou também a fundar os Grupos Beira, Atores à Deriva e Grupo Casa da Ribeira. Integrou o Grupo Clowns de Shakespeare entre 1996 e 2004. Indicado aos prêmios Shell e APTR 2023 na categoria Dramaturgia pelo espetáculo: “Peça de Amar”; Vencedor do Prêmio Shell 2019 na categoria Dramaturgia pelo espetáculo “A Invenção do Nordeste”. Vencedor do Prêmio do Humor 2019 de melhor dramaturgia e também o Prêmio Botequim Cultural 2019 como melhor autor e Prêmio APTR de melhor dramaturgia. Todos pela peça A Invenção do Nordeste.

Serviço:

A FORÇA DA ÁGUA

21, 22, 23 e 24 de março (quinta a domingo) às 20h

Casa Absurda (Rua Isac Meyer, 108 – Aldeota – Fortaleza/CE) 

Ingressos: R$ 20 (meia) e R$ 40 (inteira)

Na bilheteria e no Sympla:  

https://www.sympla.com.br/produtor/casaabsurda

Informaçoes: @casaabsurda / casaabsurda.com

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