Em dez anos, quase 300 mil pessoas morreram por hipertensão arterial

Foto: Divulgação

Silenciosa, perigosa e sem cura, a hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, tem matado mais brasileiros hoje, do que há uma década. Em dez anos, quase 300 mil pessoas perderam a vida para a doença, que tem tratamento.

Neste Dia 26 de abril é comemorado o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial. Pensando nisso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia Ceará (SBC-CE), estará realizando na sexta-feira (26), uma ação voltada aos cuidados e prevenção da doença. O encontro acontece na Praça do Jangadeiro, Piso L1, próximo ao Pão de Açúcar do Shopping Iguatemi, das 16h às 20h. Na ocasião, haverá aferição de pressão arterial, distribuição de material educativo e orientação a população sobre as doenças cardiovasculares.

O cenário é preocupante, porque é a doença crônica mais comum entre brasileiros. Estima-se que 38 milhões tenham pressão alta – ou cerca de 32% dos adultos. Entre os idosos, a situação é mais crítica: em torno de 60% têm hipertensão. Como a população idosa no Brasil deve crescer nos próximos anos, a incidência da doença deve aumentar junto. Apenas 10% dos hipertensos apresentam sinais da doença, como pico de pressão elevada.

Os dados são do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e levam em conta o que está escrito na declaração de óbito. Especialistas afirmam, porém, que os números podem ser ainda maiores: 600 mil mortes causadas por hipertensão ao longo de uma década.

Para a cardiologista e membro da SBC-CE, Maria Tereza Sá Leitão, por se tratar de uma doença frequentemente assintomática, costuma evoluir com alterações estruturais e/ou funcionais em órgãos-alvo, como coração, cérebro, rins e vasos. A hipertensão é o principal fator de risco modificável para doenças cardiovasculares, doença renal crônica e morte precoce. Associa-se a fatores de risco como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose, e diabetes melito.

“Com o envelhecimento, torna-se um problema mais significante, resultante do enrijecimento progressivo das grandes artérias. Cerca de 65% dos indivíduos acima dos 60 anos apresentam HA, e deve-se considerar o envelhecimento populacional em nosso país com um número crescente de idosos (≥ 60 anos) acometidos nas próximas décadas, o que acarretará um aumento importante da prevalência de HA e de suas complicações”, explica a especialista.

A cardiologista aponta que em faixas etárias mais jovens, a pressão arterial é mais elevada entre homens, mas a elevação pressórica por década se apresenta maior nas mulheres. Assim, na sexta década de vida, entre as mulheres, costuma ser mais elevada e a prevalência de HA, maior. Em ambos os sexos, a frequência de HA aumenta com a idade, alcançando 61,5% e 68,0% na faixa etária de 65 anos ou mais, em homens e mulheres, respectivamente.

Vários estudos mostram que há uma relação direta, entre o excesso de peso (sobrepeso/obesidade) e os níveis elevados de pressão arterial. A ingestão elevada de sódio tem-se mostrado um fator de risco para a elevação da PA, e consequentemente, da maior prevalência de HÁ. Recomenda-se a ingestão média de 2g de sódio, o equivalente a 5 g de sal de cozinha, segundo Maria Tereza.

A literatura científica mostra que a ingestão elevada de sódio está associada a acidente vascular encefálico e doenças cardiovasculares. A ingestão de alimentos embutidos e enlatados com alto teor de sódio contribuem para o surgimento destas complicações. Há uma associação direta entre sedentarismo, e a doença, além de ser importante citar, também, que o impacto da ingestão de álcool foi avaliado em diversos estudos epidemiológicos. Há maior prevalência de HA ou elevação dos níveis pressóricos naqueles que ingeriam seis ou mais doses ao dia.

Entre outros fatores contribuintes para o surgimento da HA podemos citar também o estresse exacerbado, tabagismo, apneia do sono, drogas ilícitas, algumas medicações, muitas vezes adquiridas sem prescrição médica, como antidepressivos, descongestionantes nasais, anti-inflamatórios, hormônios, contraceptivos orais, glicocorticoides.

“É necessário o controle adequado, procurar o serviço de saúde para prevenção desta doença e para seu tratamento adequado. Como controle do peso, com dieta saudável com baixo teor de gorduras saturadas, rica em legumes, frutas, baixo teor de açucares e de carboidratos. Importante um diagnóstico precoce, para que não ocorram lesões em órgãos alvos e morte por acidente vascular cerebral, infarto, insuficiência cardíaca e insuficiência renal”, alerta a cardiologista.

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