Olhos Insanos
Olá, leitores dançantes! Já estão remexendo o quadril só em ler este trechinho, hein!? “Chorando se foi / Quem um dia só me fez chorar”
Embora o ritmo seja dançante, se você prestar atenção na letra, vai entender do que vamos tratar.
Estamos testemunhando uma crescente exponencial da violência contra a mulher. Na mídia, todos os dias escutamos a palavra “feminicídio”, escutamos que mais uma mulher morreu pelas mãos daquele que um dia amou.
O feminicídio é o homicídio qualificado e praticado contra a mulher num contexto de violência doméstica e familiar, menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Assim, nem todo homicídio de mulher será enquadrado como feminicídio.
A palavra feminicídio vem dos vocábulos femen (mulher) e cidium (ato de matar) e usado, pela primeira vez que se tem notícia, no ano de 1976 pela autora e pesquisadora sul-africana Diana Russell. Ela dedicou-se a estudar casos de violência contra as mulheres, definindo-a como “o assassinato intencional de mulheres ou meninas porque elas são mulheres”.
O termo passou a ser usado com maior frequência na América Latina após uma série de assassinatos de mulheres na cidade de Juárez, no México. No Brasil, ganhou espaço com a Lei Maria da Penha e, posteriormente, com a inclusão da tipificação como crime no art. 121, do Código Penal.
Infelizmente, se tem notícia, de que o delito, consumado ou tentado, costuma acontecer dentro do ambiente familiar. O marido ou companheiro que não aceita o fim do relacionamento, ou mesmo o ex-marido ou ex-companheiro que, após o fim do relacionamento, não suporta o fato de que a mulher está seguindo sua vida amorosa em outro rumo que não ao dele.
No primeiro semestre de 2022, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos registrou, via central de atendimento, 31.398 denúncias e 169.676 violações envolvendo a violência doméstica contra as mulheres (www.gov.br).
Psicólogos afirmam que um dos primeiros sinais de que uma mulher está vivenciando um ciclo de violências é o afastamento dela do círculo familiar e de amigos. O homem abusador, afasta a mulher de sua rede de proteção e ela diminui a presença em reuniões sociais, familiares, e se coloca em silêncio e tristeza.
Muitas mulheres não conseguem, por si mesmas, quebrar esse ciclo de violência e o final trágico pode ser previsto: feminicídio.
A dinossáurica banda Nenhum de Nós, em 1987, lançou a música “Camila”. Segundo os músicos, a canção foi inspirada numa história real, vivida por uma colega de escola.
A letra relata a violência sofrida por uma jovem de 17 anos, pelas mãos de um homem com olhos insanos, que lhe deixava marcas, provavelmente no corpo e rosto, já que ela se envergonhava em olhar para o espelho.
E assim, até hoje, sofrem meninas, adolescentes, mulheres jovens e maduras. Camila, infelizmente, não foi um caso excepcional.
Por isso, mulher, mãe, avó, filha, neta, tia, prima, amiga, vizinha, colega de trabalho… não titubeie, saiba que a velha máxima em que briga de marido e mulher (leia-se: namorados, companheiros, ficantes…) ninguém mete a colher está ultrapassada. Você pode salvar a vida de outra mulher!